Terceiro presidenciável a ser sabatinado no Jornal Nacional, na noite de quinta-feira (25), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escapou de questionamentos mais embaraçosos dos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, principalmente sobre corrupção no seu governo. Além disso, recebeu perguntas sobre erros de administrações petistas, especialmente de Dilma Rousseff, hostilidade da militância ao seu candidato a vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), e governos de esquerda na América Latina.
Previsível, a primeira pergunta foi sobre corrupção. Entretanto, o próprio Bonner facilitou a resposta de Lula ao relembrar que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu razão a ele ao julgar o juiz Sergio Moro parcial e anular as condenações do petista pelo fato de a Vara Federal de Curitiba não ser competente para processá-lo. “Portanto, o senhor não deve na da à Justiça”, acrescentou Bonner para, em seguida, fazer uma ressalva: “mas houve corrupção na Petrobrás”, questionando Lula sobre medidas para isso não repetir.
Conhecido por sua retórica, o petista aproveitou para dizer que, por cinco anos, foi “massacrado” e admitiu que ocorreu corrupção, algo que sempre negou. “Deixa eu te falar uma coisa, você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram” afirmou. E enfatizou que o combate é feito com punição e denúncia dos envolvidos. O candidato disse, ainda, que o orçamento secreto é mais grave comparado ao mensalão, outro escândalo do seu governo.
Com tom ameno nas perguntas de Bonner e Renata em relação à sabatina de Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição, na última segunda-feira, Lula estava a vontade, apesar de ser um crítico da Globo, e até deu uma escorregada ao ser questionado sobre a aversão do agronegócio a sua candidatura em prol do atual presidente. Na resposta, generalizou ao afirmar que o agronegócio “é fascista e direitista” e contra o meio ambiente. Depois, tentou se corrigir.
Sobre a parte da militância não aceitar Alckmin, ele garantiu que o seu vice foi aceito “de corpo e alma” e, por mais, de uma vez teceu elogios ao ex-tucano de olho em eleitores mais de centro e conservadores. Estrategicamente, Lula usou, na maioria do tempo, muito bem as palavras para se desviar de assuntos mais polêmicos e imprimir sua retórica. Na sexta-feira, após o fechamento desta edição, a candidata do MDB, Simone Tebet, encerrou a série de entrevistas no Jornal.
Leia todos os Colunistas